Vamos começar conhecendo o inimigo: o que é o viés de confirmação? Na Wikipedia, encontramos a seguinte definição:
“Viés de confirmação, também chamado de viés confirmatório ou de tendência de confirmação,é a tendência de se lembrar, interpretar ou pesquisar por informações de maneira a confirmar crenças ou hipóteses iniciais.”
Isso é uma coisa do nosso cérebro: buscamos informações que confirmem o que já acreditamos. O processo de formação de uma conclusão é invertido: ao invés de buscar informações que te permitam chegar à uma conclusão, já temos uma conclusão pré-concebida e então vamos buscar informações que sirvam de respaldo ao que concluímos. Durante esse processo, tendemos a ignorar ou não dar tanta importância a informações que apontam para uma conclusão contrária.
Não fazemos isso de forma consciente, é do comportamento humano. E como cientistas também são humanos, também estão sujeitos a isso e se não adotam medidas para driblar o viés de confirmação, há um perigo real de publicarem opiniões como fatos.
Um artigo do Dr. John Ioaniddis, entitulado “Why Most Published Research Findings Are False” apresentou fortes evidências de viés de confirmação entre cientistas profissionais. Ao analisar 49 das mais conceituadas descobertas de pesquisa na medicina,afirmaram encontrar 45 intervenções eficazes. Dessas 45, em estudos subsequentes com amostras maiores; 7 foram contraditos, 7 encontraram efeitos menores do que o inicialmente publicado, e os demais 31 ainda não haviam sido contestados ou não puderam ser replicados.
Mas calma, não estamos totalmente indefesos contra o viés de confirmação. Segundo Cassie Kozyrkov, em um artigo publicado, podemos adotar comportamentos para driblar essa prática.
- Não seja tão apegado às suas opiniões pré-estabelecidas: Fácil falar, difícil fazer né. Mas é um bom exercício mental não adotar sua opinião como verdade absoluta, mesmo que seja baseada em toneladas de dados. É importante ser capaz de absorver novas informações e admitir o erro, se for o caso.
- Ênfase na decisão, não na opinião: Mas se uma opinião não leva a uma ação, qual o problema? Por exemplo, posso acreditar no coelhinho da páscoa, e, desde que isso não impacte minhas decisões, tudo bem. Porém, quando há uma decisão a ser tomada, é importante, antes da opinião, definir quais informações serão necessárias que irão guiar a definição.
- Foque no que temos controle: Se uma determinada ação foge ao seu controle (distanciamento social, por exemplo), não importa a minha opinião sobre o assunto (obviamente sou a favor da ciência, mas vamos seguir com o exercício mental), temos que manter o distanciamento e pronto!
- Mude a ordem em que você aborda as informações: “O melhor antídoto para o viés de confirmação é planejar a decisão antes de buscar a informação”. Delimitando regras para cada potencial decisão, elas diminuem o risco de apoiarmos a balança para as informações que favoreçam a nossa opinião.
Para trabalhar com Analytics é fundamental seguirmos essas boas práticas que evitam o viés de confirmação e nos permite obter os melhores resultados que irão pautar as decisões do negócio. É essencial lembrar que o real valor dos dados está diretamente relacionado às etapas analíticas que devem ser seguidas no processo, e que envolvem procurarmos potenciais informações que inclusive possam combater nossas hipóteses. Caso contrário, não estamos usufruindo do real valor da ciência de dados, mas sim buscando confirmações de crenças pessoais ou daquilo que tentamos afirmar. Por isso, a todos, cuidado com os próprios vieses!